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sábado, 30 de junho de 2012

RELATOR - MIN. JOAQUIM BARBOSA - REVISOR - MIN. RICARDO LEWANDOWSKI - MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

R E L A T Ó R I O

O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR): Trata-se de Ação Penal instaurada contra os seguintes réus e pelos seguintes crimes:

 1) JOSÉ DIRCEU: crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa;

 2) JOSÉ GENOÍNO: crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa;

 3) DELÚBIO SOARES: crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa;

 4) SÍLVIO PEREIRA: crime de formação de quadrilha;

 5) MARCOS VALÉRIO: crimes de formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas;

 6) RAMON HOLLERBACH: crimes de formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas;

 7) CRISTIANO PAZ: crimes de formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas;

 8) ROGÉRIO TOLENTINO: crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção ativa;

 9) SIMONE VASCONCELOS: crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas;

 10) GEIZA DIAS: crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas;

 11) KÁTIA RABELLO: crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas;

 12) JOSÉ ROBERTO SALGADO: crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas;

 13) VINÍCIUS SAMARANE: crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas;

 14) AYANNA TENÓRIO: crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira;

 15) JOÃO PAULO CUNHA: crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato;

 16) LUIZ GUSHIKEN: crime de peculato;

 17) HENRIQUE PIZZOLATO: crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato;

 18) PEDRO CORRÊA: crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

 19) JOSÉ JANENE: crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

 20) PEDRO HENRY: crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

 21) JOÃO CLÁUDIO GENU: crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

 22) ENIVALDO QUADRADO: crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro;

 23) BRENO FISCHBERG: crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro;

 24) CARLOS ALBERTO QUAGLIA: crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro;

 25) VALDEMAR COSTA NETO: crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

 26) JACINTO LAMAS: crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

 27) ANTÔNIO LAMAS: crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro;

 28) CARLOS ALBERTO RODRIGUES (BISPO RODRIGUES): crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

 29) ROBERTO JEFFERSON: crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

 30) EMERSON PALMIERI: crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

 31) ROMEU QUEIROZ: crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

 32) JOSÉ BORBA: crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

 33) PAULO ROCHA: crime de lavagem de dinheiro;

 34) ANITA LEOCÁDIA: crime de lavagem de dinheiro;

 35) LUIZ CARLOS DA SILVA (PROFESSOR LUIZINHO): crime de lavagem de dinheiro;

 36) JOÃO MAGNO: crime de lavagem de dinheiro;

 37) ANDERSON ADAUTO: crime de corrupção ativa e lavagem de dinheiro;

 38) JOSÉ LUIZ ALVES: crime de lavagem de dinheiro;

 39) JOSÉ EDUARDO DE MENDONÇA (DUDA MENDONÇA): crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro;

 40) ZILMAR FERNANDES: crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

 A denúncia encontra-se no volume 27.

 Respostas preliminares dos réus nos Apensos 89-125.

 Acórdão de recebimento da denúncia nos volumes 55-59.

 Faço uma brevíssima síntese dos fatos submetidos a processamento nesta Ação Penal.

 O Procurador-Geral da República narrou, na denúncia, uma "sofisticada organização criminosa, dividida em setores de atuação, que se estruturou profissionalmente para a prática de crimes como peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta, além das mais diversas formas de fraude " (fls. 5621).

 Segundo a acusação, "todos os graves delitos que serão imputados aos denunciados ao longo da presente peça têm início com a vitória eleitoral de 2002 do Partido dos Trabalhadores no plano nacional e tiveram por objetivo principal, no que concerne ao núcleo integrado por JOSÉ DIRCEU, DELÚBIO SOARES, SÍLVIO PEREIRA e JOSÉ GENOÍNO, garantir a continuidade do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores, mediante a compra de suporte político de outros Partidos Políticos e do financiamento futuro e pretérito (pagamento de dívidas) das suas próprias campanhas eleitorais. (...) Nesse ponto, e com objetivo unicamente patrimonial, o até então obscuro empresário MARCOS VALÉRIO aproxima-se do núcleo central da organização criminosa (JOSÉ DIRCEU, DELÚBIO SOARES, SÍLVIO PEREIRA e JOSÉ GENOÍNO) para oferecer os préstimos da sua própria quadrilha (RAMON HOLLERBACH, CRISTIANO DE MELLO PAZ, ROGÉRIO TOLENTINO, SIMONE VASCONCELOS e GEIZA DIAS DOS SANTOS) em troca de vantagens patrimoniais no Governo Federal" (5621/5622).

 Além disso, teria sido necessário contar com os réus KÁTIA RABELLO, JOSÉ ROBERTO SALGADO, VINÍCIUS SAMARANE e AYANNA TENÓRIO, os quais, no comando das atividades do Banco Rural, juntamente com o Sr. José Augusto Dumont, falecido em abril de 2004, teriam criado as condições necessárias para a circulação clandestina de recursos financeiros entre o núcleo político e o núcleo publicitário, através de mecanismos de lavagem de dinheiro, que permitiriam a tais réus o pagamento de propina, sem que o dinheiro transitasse por suas contas.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1653746.

http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/relatorioMensalao.pdf

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segunda-feira, 25 de junho de 2012

dilma explique o dinheiro da delta

é isso que todos querem?
isso é a bandeira da ética e da moralidade?
ela não está suja não?
acaso isso não é excremento no ventilador?
"senhora" "presidente", (prefiro escrever) mandatária da república federativa do brasil, pedimos esclarecimentos:
porque ao ver o seu colega no paraguay sofrendo o "impeachment" notamos que condou-se com a atitude dos paraguaios e já conclamou sanções ao paraguai. porém notamos que o acontecido no paraguai derivou-se pelo fato de os mesmos não estarem satisfeitos com o que o presidente apoiado por vossa senhoria vinha fazendo.
agora te perguntamos "senhora" "presidente", mandatária, acaso não são as sanções que foram impostas pelos estados unidos contra cuba um ato que foi tão largamente combatido por teus pares, por tratar-se de medida injusta?
ou isso é possível quando se trata de inimigos?
"aos amigos tudo! aos inimigos, a lei!"
confesso não saber a autoria de tal dito, mas noto que o mesmo é largamente empregado por vossa "senhoria" e seus pares.
e quanto às esplicações "senhora" cremos ser de bom tom, que nos dê amplas, gerais e irrestritas, acerca dessa "benesse" por vossa senhoria recebida, ainda que, sabemos ter sido recebida por seu "arrecadador" de campanha, o que sabemos também "senhora" não te isentar da responsabilidade pelo ato perante a justiça eleitoral vigente no país.
ainda que vocês não dêem a mínima à lei, e que o vosso acólito e bem amestrado marcio thomaz bastos queira nos dizer o contrário, sabemos que há aí sim, um delito, de grave envergadura. - (apóstolo ely silmar vidal - dilma explique o dinheiro da delta - 250612)

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sábado, 23 de junho de 2012

Silas Malafaia e mais 11 pastores fazem chegar ao terrorista Ahmadinejad pedido de libertacao de Yousef Nadarkhani, condenado a morte por ser cristao

21/06/2012 - às 16:02
Silas Malafaia e mais 11 pastores fazem chegar ao terrorista Ahmadinejad pedido de libertação de Yousef Nadarkhani, condenado à morte por ser cristão

O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, informa Lauro Jardim em Radar, entregou a Michel Temer, vice-presidente da República, uma carta assinada por ele e por mais 11 pastores que pede a libertação do pastor evangélico Yousef Nadarkhani, que está preso no Irã, condenado à morte. Temer fez a carta chegar ao presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. O terrorista veio ao Brasil para a Rio+20. Escrevi o primeiro post sobre Nadarkhani no dia 28 de setembro do ano passado. Lembro o texto.

Não há um só país de maioria cristã, e já há muitos anos, que persiga outras religiões. Ao contrário: elas são protegidas. Praticamente todos os casos de perseguição a minorias religiosas têm como protagonistas correntes do islamismo - ou governos mesmo. Não obstante, são políticos de países cristãos - e Barack Obama é o melhor mau exemplo disto - que vivem declarando, como se pedissem desculpas, que o Ocidente nada tem contra o Islã etc. e tal. Ora, é claro que não! Por isso os islâmicos estão em toda parte. Os cristãos, eles sim, são perseguidos - aliás, é hoje a religião mais perseguida da Terra, inclusive por certo laicismo que certamente considera Bento 16 uma figura menos aceitável do que, sei lá, o aiatolá Khamenei…

O pastor iraniano Yousef Nadarkhani foi preso em 2009, acusado de "apostasia" - renunciou ao islamismo-, e foi condenado à morte. Deram-lhe, segundo a aplicação da sharia, três chances de renunciar à sua fé, de renunciar a Jesus Cristo. Ele já se recusou a fazê-lo duas vezes - a segunda aconteceu hoje. Amanhã é sua última chance. Se insistir em se declarar cristão, a sentença de morte estará confirmada. Seria a primeira execução por apostasia no país desde 1990. Grupos cristãos mundo afora se mobilizam em favor de sua libertação. A chamada "grande imprensa", a nossa inclusive, não dá a mínima. Um país islâmico eventualmente matar um cristão só por ele ser cristão não é notícia. Se a polícia pedir um documento a um islâmico num país ocidental, isso logo vira exemplo de "preconceito" e "perseguição religiosa".

Yousef Nadarkhani é um de milhares de perseguidos no país. Sete líderes da fé Baha'i tiveram recentemente sua pena de prisão aumentada para 20 anos. Não faz tempo, centenas de sufis foram açoitados em praça pública. Eles formam uma corrente mística do Islã rejeitada por quase todas as outras correntes - a sharia proíbe a sua manifestação em diversos países.

Há no Irã templos das antigas igrejas armênia e assíria, que vêm lá dos primórdios do cristianismo. Elas têm sido preservadas. Mas os evangélicos começaram a incomodar. Firouz Khandjani, porta-voz da Igreja Evangélica do Irã, teve de deixar o país. Está exilado na Turquia, mas afirmou à Fox News que está sendo ameaçado por agentes iranianos naquele país.
(Por Reinaldo Azevedo)

Tags: Irã, Yousef Nadarkhani

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/silas-malafaia-e-mais-11-pastores-fazem-chegar-ao-terrorista-ahmadinejad-pedido-de-libertacao-de-yousef-nadarkhani-condenado-a-morte-por-ser-cristao/

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Espaço da CNA na Rio+20 e invadido e depredado por terroristas do MST, da Via Campesina e de outros movimentos

21/06/2012 - às 19:50
Espaço da CNA na Rio+20 é invadido e depredado por terroristas do MST, da Via Campesina e de outros movimentos

Vejam estas fotos.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participa da "Rio+20?. Tem um estande no Pier Mauá denominado "AgroBrasil", montado com o apoio da Embrapa e do Sebrae, para expor práticas de agricultura sustentável no Brasil. Pois bem: no fim da manhã desta quinta, militantes dos MST e da Via Campesina, entre outros grupos, invadiram e depredaram o espaço, como se pode ver acima.

Os invasores chegaram como se fossem visitantes comuns. Uma vez no local, deram início a seu "protesto". Danificaram maquetes, jogaram tinta vermelha no local e espalharam panfletos. A segurança no Pier Mauá é feita por empresa privada. A Polícia Militar teve de ser acionada, e só não houve confronto porque ninguém resistiu à ação dos vândalos.

Leiam a declaração dada ao Globo por Divina Lopes, do MST:
"Ficamos satisfeitos com a manifestação, que conseguiu apresentar um contraponto ao agronegócio. Mas não houve depredação. Lá dentro, fizemos uma colagem de cartazes contra este modelo de agricultura e gritamos palavras de ordem. Mas a manifestação foi pacífica e ninguém saiu machucado".

Vamos decupar a sua fala. "Apresentar contraponto", segundo Divina, é invadir um espaço, depredar o trabalho alheio e gritar palavras de ordem. Segundo ela, a "manifestação foi pacífica" porque, afinal, "ninguém saiu machucado". Ou por outra: deixe o MST agir à vontade, e ninguém se machuca. As fotos estão aí. A polícia tem como atuar se quiser.

A propósito: o MST e a Via Campesina são organizações políticas de extrema esquerda — há ATÉ alguns agricultores entre eles. O chefão é João Pedro Stédile, que nunca pegou num cabo de enxada. Basta olhar as fotos para perceber que há manifestantes que não têm nenhuma intimidade com as questões ligadas à terra. São as Mafaldinhas e os Remelentos de sempre, que saem dali para algum bar da Zona Sul, onde vão comemorar o seu feito heroico, e dali para o conforto de seus lares. Enquanto empregadas invisíveis administram a casa, eles se dedicam à revolução…

A CNA emitiu uma nota de repúdio, assinada pela senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidente da entidade. Leiam. Volto em seguida:

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) vem a público manifestar o seu repúdio aos tristes episódios ocorridos na manhã desta quinta-feira, dia 21 de junho, quando o Espaço AgroBrasil, que lidera no Pier Mauá, um dos espaços oficiais da Rio+20, foi invadido por cerca de 200 manifestantes.

Rejeita a violência do grupo que  portava cartazes do Movimento dos Sem Terra (MST), além de materiais de outros movimentos não identificados.

Lamenta os atos de vandalismo que danificaram parte das instalações, especialmente uma maquete que reproduz as várias técnicas de agricultura de baixo carbono, além de uma Área de Preservação Permanente (APP), conforme fotos disponibilizadas no link:  http://www.flickr.com/photos/canaldoprodutor/

Por esse motivo, protesta mais uma vez frente ao preconceito contra um setor que utiliza apenas 27,7% do território do país para produzir alimentos de forma sustentável, preservando 61% do Brasil com cobertura vegetal nativa.

A CNA considera inaceitável que manifestações antidemocráticas como estas ainda tenham lugar em um evento como a Rio+20, onde os povos e as nações buscam o entendimento e a convergência para um mundo melhor, sempre respeitando a diversidade de ideias.

Senadora KÁTIA ABREU
Presidente da CNA

Voltei
"A CNA não chama os manifestantes de terr0ristas, Reinaldo, mas você chama?" Quem quer que, por questão política, imponha ao outro a sua vontade, submetendo-o pela força,  pondo em risco a segurança de terceiros, pratica ato terrorista. Todos esses elementos estão dados na ação empreendida pelo MST e pela Via Campesina. Há mais: há gente ali que não pertence a esses movimentos nem a pau, Juvenal!

Vocês acham que aquele barbudo e cabeludo e sua companheira alimentada com Toddynho e sucrilho moram naquelas barrascas de plástico preto do MST? Vocês acham que aquela senhora que discursa sobre a maquete sabe distinguir uma batata de um nabo? Vocês imaginam aquele rapazola de camiseta cor-de-rosa e cabelo de surfista plantando o alimento que come com as próprias mãos?

Basta pensar um pouquinho para constatar que há grupo ambientalistas de alcance mundial bastante chegados a esse tipo de ação direta e… terrorista!
(Por Reinaldo Azevedo)
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/espaco-da-cna-na-rio20-e-invadido-e-depredado-por-terroristas-do-mst-da-via-campesina-e-de-outros-movimentos/

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Bispos brasileiros condenam a corrupcao e reclamam da impunidade

Enviado por Ricardo Noblat - 22.6.2012 - 17h57m - POLÍTICA
Bispos brasileiros condenam a corrupção e reclamam da impunidade

"Ai dos que fazem do direito uma amargura e a justiça jogam ao chão" (Am 5,7)

Nota da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

Fatos políticos e administrativos, que contrariam a ética pública e o bem comum, têm sido fartamente divulgados pela Imprensa, provocando uma reação de indignação e perplexidade na sociedade brasileira.

Chega-se mesmo a colocar em xeque a credibilidade das instituições, que têm o dever constitucional de combater a corrupção e estancar a impunidade, que alimenta tal prática.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, solidária a este sentimento que inquieta a população, vem, através do Conselho Permanente reunido em Brasília de 20 a 22 de junho, manifestar, mais uma vez, sua grave preocupação com estas suspeitas de violação aos princípios da moralidade e da legalidade consubstanciados na Constituição Federal.

Já em 1993 a CNBB questionava: "Como não denunciar a grande criminalidade dos que desviam, em proveito pessoal, enormes somas dos órgãos públicos, provocando escândalo e revolta, muitas vezes impotentes, da parte dos humildes, a quem estavam destinados esses bens? Como não solicitar que os crimes mais graves sejam punidos e que a lei não seja severa apenas com os pequenos infratores, sem jamais atingir os poderosos e espertos? Como tolerar que a um grande número de denúncias comprovadas de corrupção e prejuízo dos cofres públicos não corresponda igual número de punições e ressarcimentos? A impunidade é um incentivo constante para novos crimes e novas violências" (CNBB, Ética, Pessoa e Sociedade, n. 143, 1993).

O senso de justiça, sempre presente na consciência da nação brasileira, é incompatível com as afrontas ao bem comum que logram escapar às penas previstas, contribuindo para a generalizada sensação de que a justiça não é a mesma para todos.

Todo cidadão tem o direito à correta gestão de assuntos e serviços públicos, afastando-se a deletéria, porque corrupta, conduta dos governantes de tratar a coisa pública, o patrimônio e negócios públicos, como objetos pessoais postos a usufruto particular e partidário, e à satisfação de caprichos egoístas.

A sociedade brasileira espera e exige a investigação de toda suspeita de corrupção bem como a consequente punição dos culpados e o ressarcimento dos danos. O que temos assistido, no entanto, parece apontar em direção oposta quando muitos fatos, no passado e no presente, ficam sem solução e caem no esquecimento. Isso explica o crescente desencanto da sociedade com as instituições públicas.

Os mecanismos que têm a responsabilidade de passar a limpo as corrompidas estruturas do país caem no descrédito e ficam desmoralizados se não cumprem o papel a que se destinam. Nenhum outro interesse pode subjugá-los senão o do resgate da ética no trato com a coisa pública.

Reafirme-se que a força dos três poderes da Repúbica está na sua harmonia, no pleno respeito à sua correspondente independência e autonomia. Os que respondem diretamente por seu funcionamento, no entanto, nunca se esqueçam de que o poder que exercem provém da sociedade.

Da mesma forma, o agente político se recorde de que é seu dever ultrapassar as fronteiras político-partidárias, as condicionantes de oposição-situação, para colocar-se a serviço do Estado e da sociedade, sem confundir jamais o público com o privado, o que constituiria grave ofensa à legislação e desrespeito à sociedade.

No compromisso de construir uma sociedade justa e solidária, inspire a todos a palavra de Jesus Cristo: "Seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não. O que passa disso vem do Maligno" (Mt 5,37).

Cardeal Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo de Aparecida, Presidente da CNBB

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Ofensa deve ser retirada de rede social em ate 24 horas, decide STJ

Enviado por Ricardo Noblat - 22.6.2012 - 20h29m - GERAL
Ofensa deve ser retirada de rede social em até 24 horas, decide STJ

Após denúncia, retirada deve ser preventiva para posterior análise. Se não cumprir determinação, provedor pode responder por omissão.

Mariana Oliveira, G1

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que mensagens ofensivas publicadas em rede sociais, como Orkut e Facebook, devem ser retiradas do ar em até 24 horas após a denúncia por parte de algum internauta.

Segundo o tribunal, a retirada é preventiva e deve ser feita até a análise sobre a veracidade da denúncia. Se não retirar a mensagem, o provedor pode "responder solidariamente com o autor direto do dano, em virtude da omissão praticada". A decisão afirma que o provedor poderá ainda adotar "as providências legais cabíveis contra os que abusarem da prerrogativa de denunciar".

A decisão foi tomada na última terça-feira (19) dentro de recurso em ação movida por internauta do Rio de Janeiro que afirmou que o Orkut, mantido pelo Google Brasil, levou dois meses para retirar do ar um perfil falso "que vinha denegrido" a imagem da internauta.

A Justiça do Rio de Janeiro determinou que o Google pagasse uma indenização de R$ 20 mil por danos morais, que foi posteriormente reduzida para R$ 10 mil na segunda instância. O Google recorreu, mas o STJ manteve o valor e estipulou o prazo de 24 horas para retirada de mensagens.

Em nota, a empresa afirmou que falta regramento no país para questões relacionadas à internet. "O Google acredita que ainda há uma a jurisprudência inconsistente no país, mas que o Marco Civil traz uma orientação mais atual para lidar com estas questões. Além disso, é importante ressaltar que não cabe à plataforma tecnológica emitir juízo de valor e praticar a censura na web", afirmou.

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quinta-feira, 21 de junho de 2012

saga petista para se constituir como Partido Unico

É Maluf quem ajuda a "higienizar" o PT, não o contrário. Ou: Aliança com deputado do PP é parte da saga petista para se constituir como Partido Único

Ontem, eu lhes fiz um desafio: explicar por que Erundina está errada ao dizer que o PT ajuda a "higienizar" a imagem de Maluf. Abaixo, num daqueles textões (!), explico por que a aliança é absolutamente coerente e por que é Maluf quem contribui para lavar a imagem do partido, que o utiliza como instrumento na consolidação de seu projeto autoritário. Acho que ficou bacana. Se gostarem, debatam e passem adiante.
*
Vocês perceberam, caros leitores, dada a aliança do PT com Maluf, o tom choroso, lacrimejante, funéreo, de muitos colunistas "isentos", como se estivessem assistindo à queda de um puro ou à morte de uma utopia? Alguns chegaram mesmo a encomendar as exéquias do antigo "partido ético", "diferente de tudo o que está aí". Houve os que fizeram como José Saramago quando Fidel Castro mandou fuzilar, em 2003, sem julgamento, três dissidentes que haviam tentado fugir de Cuba: "Até aqui fui com Fidel, agora não mais". Pô!!! O barbudo assassino já era responsável por 100 mil mortes, e Saramago tinha ido com ele "até ali"??? Aquelas três a mais, no entanto, mexeram com seu coração humanista… Assim fizeram certos analistas "isentos": "Até aqui fui com o PT; agora não mais!" Faço a eles pergunta semelhante à que fiz à época a Saramago: "Por quê? Tudo o que PT havia feito até então parecia pouco?

Luíza Erundina, que foi vice por dois dias na chapa de Fernando Haddad, recorreu a uma imagem que vira emblema dessa leitura torta sobre o PT: "Maluf quer aparecer em outra imagem, que não aquela de estar sendo procurado pela Interpol. Ele se higieniza ao lado de forças que não têm nada a ver com o malufismo. Somos do outro lado. Só quem ganha nisso é ele, aparecendo, falando comemorando junto. É todo o significado que tem".Erundina está absurdamente errada porque, e vou demonstrar isto aqui, o que se tem é justamente o contrário — e alguns leitores acertaram na mosca: É O PT QUE USA MALUF PARA SE HIGIENIZAR, DEPUTADA, NÃO O CONTRÁRIO!No projeto de poder petista, quem, para ficar no paradigma vocabular escolhido, "suja" o PT é Erundina; Maluf, ao contrário, ainda que a muitos pareça incrível, ajuda a "lavar" o projeto hegemônico. Vou explicar tudo direitinho. Antes, uma questão de natureza conceitual.

A questão conceitual
Um partido — e isto é teoria política, não paranoia, como acusaria aquele economista que tem de se conter para não cair de boca no Sonho de Valsa — está a caminho de construir a hegemonia quando determina até os critérios segundo os quais será criticado. Ou por outra: quando aqueles que se opõem a suas orientações o fazem segundo marcos que ele próprio estabeleceu. Eis o partido tornado, como queria o teórico comunista Antonio Gramsci, "um novo imperativo categórico", um "laicismo moderno", de sorte que tudo o que se pensa só faz sentido segundo o que é e o que não é útil a esse partido.

Ora, quando Maluf é contrastado com o petismo, tomando-se o deputado do PP como símbolo de tudo o há de ruim na política brasileira — e isso, em si, é verdade —, está-se partindo de um pressuposto, PETISTA EM ESSÊNCIA, segundo o qual o PT é, então, a antítese de Maluf. O erro é brutal e se dá em duas dimensões, uma mais rasa, revelada pelo noticiário cotidiano, e outra mais profunda, que requer algumas especulações além da notícia. Fixemo-nos primeiro na dimensão mais superficial do engano, e demonstrá-la é tarefa simples. Pode alguém advogar a pureza ética, ora supostamente conspurcada, do partido que fez o mensalão? Pode alguém advogar a pureza ética, ora supostamente maculada, do partido que patrocinou o escândalo dos aloprados? Pode alguém advogar a pureza ética, ora supostamente violada, do partido capaz de criar uma CPI para perseguir adversários, tentando impedir que uma central de escândalos como a Delta seja investigada?

Que pureza de lupanar é essa?

Calma aí, senhoras carpideiras, a derramar cachoeiras de lamentos por causa dos descaminhos do partido puro! Em que a moralidade de Paulo Maluf é essencialmente diferente da moralidade dos petistas? Maluf é pior do que José Dirceu? Por quê? Lambanças acabam de derrubar o presidente do Banco do Nordeste — sim, em razão de reportagens da imprensa que os vigaristas chamam "golpista". Ele era homem do deputado federal José Nobre (PT-CE), chefe daquele pobre-coitado que foi flagrado, em 2005, com a cueca cheia de dólares, notoriamente mero pau-mandado. Nobre, calculem, é considerado figura em ascensão no partido. É irmão de José Genoino, presidente do PT quando estourou o escândalo do mensalão e um dos réus no processo que tramita no STF. Ora, por que, afinal de contas, Maluf não pode se juntar com o PT? Dólares ilegais na cueca, nas Ilhas Jersey ou num banco em Miami para pagar Duda Mendonça pela campanha eleitoral de Lula, qual é a diferença? Eu lhes conto qual é a diferença: Maluf há tempos é tratado, e com razão, como uma figura detestável da política, e Lula, o chefe da organização petista, é considerado um herói. Inclusive por esses que ficam derramando lágrimas. Será que Maluf não pode se juntar com o governo que levou a Caixa Econômica Federal a comprar o Panamericano, um banco quebrado?

Por que não?

Eis a dimensão que chamo mais rasa, que pode ser percebida com uma simples pesquisa no Google. O elenco de malfeitos e de operações suspeitas do petismo no governo federal — e, se quiserem, de administrações estaduais e municipais — referenda uma observação que já fez aqui: a diferença entre Maluf e o PT é aquela que existe em "Era Uma Vez no Oeste" entre a pistolagem que chegava a cavalo — bruta, mas algo romântica — e aquela que vinha de trem: não menos bruta, mas já profissional.

A dimensão profunda
Agora vamos à dimensão mais profunda, esta mais difícil de detectar porque requer algum aporte teórico para entender o projeto de poder petista. De saída, cumpre notar: os petistas não são socialistas à moda antiga, do tipo que ainda mandam flores… vermelhas para a camarada. Isso é uma bobagem — a rigor, nunca chegou a ser assim. O próprio Babalorixá de Banânia, como o jornalista José Nêumanne demonstra em detalhes no livro "O que sei de Lula", jamais foi de esquerda. Ao contrário até: tem uma visão de mundo que as esquerdistas de antigamente chamariam "conservadora". E sempre soube se orientar muito bem nos bastidores do poder. Tudo bem analisado, a sua ascensão no sindicalismo, leiam lá, se deveu a uma espécie de golpe desferido contra antigos "companheiros". Muito bem, dito isso, vamos adiante.

Lula não é de esquerda, mas é autoritário. Suas decisões recentes no partido o comprovam à larga. Esse autoritarismo se estende também à sua concepção de poder. Influenciado pelas esquerdas — sim, elas existiam — que ajudaram a criar o PT, o Apedeuta passou um bom tempo fazendo um discurso com forte conteúdo classista, com sotaque socializante, avesso a alianças com "partidos da burguesia" ou com "forças conservadoras". Na face indigna de sua história, o homem que agora vai à casa de Paulo Maluf recusou o apoio de Ulysses Guimarães no segundo turno das eleições de 1989, contra Fernando Collor. Escrevo de novo: o homem que repudiou o apoio de Ulysses e que proibiu seu partido de participar do colégio eleitoral que elegeu Tancredo Neves foi prestar homenagens a Maluf — nada menos do que o adversário de Tancredo no Colégio Eleitoral!

Política de alianças
Num dado momento,  o PT percebeu fragilidades e fissuras na política brasileira. ATENÇÃO PARA ISTO: em vez de corrigidas, pensaram  os chefões, elas deveriam ser revertidas em ações benéficas à construção, consolidação e fortalecimento do partido. E decidiram, então, aderir às alianças políticas. Socialista à moda antiga o partido não era. Mas autoritário sempre foi e é. Desde que mudou a sua prática — E AQUI ESTÁ O BUSÍLIS PRINCIPAL DESTA ANÁLISE — e passou a fazer composições, os petistas buscam de modo obcecado forças antes ditas "conservadoras". O objetivo é "lavar", disfarçar, travestir o projeto político do partido, que continua o mesmo: constituir-se como Partido Único. "Ah, como Reinaldo é paranoico!", diriam os comedores de bombons. "Isso é impossível no Brasil!" Não se trata, bobinhos, de partido único à moda cubana ou chinesa (bem que eles gostariam, mas sabem ser impossível). Trata-se de deter a hegemonia do processo político de tal sorte que as demais forças organizadas da sociedade se tornem irrelevantes. E não só as da política. Gilberto Carvalho, sempre ele!, alertou os petistas para a necessidade de comçear a enfrentar os evangélicos, como vocês bem se lembram.

Em 2002, o PT escreveu a sua  carta de conversão ao capitalismo porque pesava ainda uma, em muitos aspectos, injusta desconfiança sobre a adesão do partido à economia de mercado. Muito modestamente, então no site e revista Primeira Leitura, escrevi algo assim: "Vamos parar de besteira! O PT não é candidato a implementar o socialismo no Brasil; ele é candidato a pôr a sua canga no capitalismo que temos". Acho que acertei. Cercado de desconfiança, o partido deu a potentados do capital financeiro e industrial o que eles não teriam ousado pedir a um "partido de direita".

Entenda o partido que a senhora ajudou a criar e do qual teve de sair, deputada Erundina! O PT precisa de forças que ele próprio chama "de direita" para tentar aniquilar qualquer um que lhe faça oposição. Em 2002, quando buscava um vice, a única exigência era esta: tinha de ser do campo conservador. E encontraram o então senador José Alencar. Ora, é evidente que o PSDB ou José Serra estão à esquerda, respectivamente, de PP e Paulo Maluf! Ocorre que esses dois não representam empecilho ao tal projeto hegemônico — logo, são aliados. ASSIM, NÃO É MALUF QUE BUSCA O PT PARA SE HIGIENIZAR. É O PT QUE BUSCA MALUF PARA, A UM SÓ TEMPO, EXIBIR A SUA FACE SUPOSTAMENTE PLURAL, TOLERANTE E INCLUSIVA E PARA DAR PROSSEGUIMENTO AO PROJETO DO PARTIDO ÚNICO.

Gilberto Carvalho confessou isso anteontem com clareza inequívoca. Defendeu a aliança com Maluf deixando claro que o PT está no comando. José Dirceu fez a mesma coisa. Quem não cabe nesse processo é justamente Luíza Erundina —  não por acaso, pertencia ao partido e teve deixá-lo. Ela já não cabe porque fala aquela linguagem do socialismo à moda antiga — chegou até a evocar "a luta de classes". Ela já não cabe porque relembra aquele partido que queria se dirigir aos "oprimidos" (e o PT é hoje uma força da ordem, que tem muita intimidade com os que a ex-prefeita considera "opressores"). Ela já não cabe porque cria obstáculos à aliança com o capeta se o capeta ajudar a vencer o único núcleo mais ou menos organizado que ainda pode liderar uma resistência ao PT: os tucanos! A propósito: não foi Lula quem disse que Jesus Cristo, se voltasse à terra, acabaria tendo de se aliar ao demônio? O "cristo" de Lula, por óbvio, é uma criação à sua imagem e semelhança.

Não sei se o PT será bem ou malsucedido ao se aliar a Maluf. O que sei é que a aliança é absolutamente coerente porque não há entre eles diferença nenhuma de moralidade — a do deputado do PP leva alguma vantagem porque ligeiramente menos cínica — e porque Maluf é mais um, vá lá, "conservador" cooptado na saga para aniquilar o que resta de oposição no país. Assim, ele é, a um só tempo, uma conquista e uma presa. E olhem, para citar Lula, que o ex-prefeito, muito provavelmente, ainda não é o diabo. Imaginem quando chegar a hora…
(Por Reinaldo Azevedo)

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/e-maluf-quem-ajuda-a-higienizar-o-pt-nao-o-contrario-ou-alianca-com-deputado-do-pp-e-parte-da-saga-petista-para-se-constituir-como-partido-unico/

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LUZES E TREVAS

11/12/2008 - às 17:24 - LUZES E TREVAS
Mais chatos e, às vezes, cretinos do que os defensores de Protógenes, só mesmo os que se atribuem o papel de procuradores da ciência na suposição de que eu estaria do outro lado. Estou rejeitando as boçalidades porque os supostos partidários da ciência são capazes de afirmar que o amarelo é azul. E nem mesmo ficaram corados.

Num dos posts, escrevi: "Mandem-me as aspas de algum texto em que defendo que se trate o criacionismo como ciência". E o que fez um tal TBC? Mandou este trecho de minha autoria: "Reitero: quero que o professor de biologia faça a melhor exposição possível, com todas as suas implicações, do darwinismo e do criacionismo, caracterizando as idéias que se criam em torno de cada uma das concepções". Aí, empregando o que ele chama "lógica" (tadinho…), envia-me o seguinte:

Para usar a lógica, como você tanto gosta:
premissa 1- aula de ciência é pra tratar de ciência (não imagino que haja discordância aqui: aula de matemática é sobre matemática, de português sobre português, de ciência sobre ciência);
premissa 2 - deve-se tratar de criacionismo nas aulas de biologia (como você defendeu no trecho citado);
conclusão - criacionismo é ciência.
Já disse em outros comentários: que o criacionismo seja tratado em aulas de história, religião, sociologia ou outras áreas do humanismo - em ciência, não.
Publicar Recusar (TBC) 15:34
Comento
TBC, você não sabe o que quer dizer "premissa" e foi buscar silogismo onde não existe. Para que seu raciocínio se sustentasse, seria preciso que eu tivesse pedido ao professor de biologia que endossasse o criacionismo ou que o tratasse como ciência. Cadê? Onde? É o fim da picada!

Outro, chamado Diego, achou que poderia me nocautear assim:
Acredito que, de acordo com esse raciocínio, quem for estudar lingüística deve também aprender sobre a Torre de Babel.
Publicar Recusar (Diego) 14:44"
Comento
Só um professor de lingüística delinqüente se negaria a pensar a questão das línguas na Bíblia, uma referência permanente. Sim, Diego: o que você coloca como ironia pode e deve ser matéria de reflexão. Quando, naquela simbologia, Deus quis punir a arrogância, não separou os homens segundo a religião, os interesses, as posses, o sexo, a idade, a origem… Separou-os por meio da palavra. Sem contar, Diego, que a pior incomunicabilidade é aquela que se dá entre pessoas que falam a mesma língua.

Só um obscurantista militante, rematado, descartaria a enorme contribuição que as religiões — todas elas — têm a dar para a elucidação do mundo. "No princípio, era o verbo"… É a mais, como posso dizer?, perfeita divisa que a lingüística poderia adotar.

O que a estupidez militante não percebe — estimulados por alguns blogueiros que pretendem carregar a bandeira do ateísmo como se fosse a liberdade guiando o povo (coisa mais passadista, cafona até…) — é que as religiões expressam em conflitos simbólicos alguns dos dramas humanos que são atemporais.

Qualquer militância — tenha viés ideológico, comportamental ou, sei lá como chamar esta dos que decidiram ser porta-vozes da Lei da Evolução (mais um pouco, chegaremos ao século 20…) — deixa as pessoas um tanto cegas. Não basta a contestação do que rejeitam: é preciso eliminar a dissensão. Um cientista das espécies que não aproveitasse a alegoria da Arca de Noé para refletir junto com seus alunos estaria desperdiçando a chance de pôr em perspectiva a diversidade do mundo. E abordar a questão não significa endossá-la.

Ah, é muito provável que Moisés não tenha aberto o Mar Vermelho e que Saul — depois Paulo — não tenha sido cegado por Deus e curado em seguida pela força intercessora de um crente. Ora, como poderia um "cientista" acreditar nisso, não é mesmo? Mas que ganho extraordinário teriam os alunos se um professor de história, em vez de negar a Bíblia com boçalidades supostamente racionalistas, conhecesse o seu conteúdo para lhes destrinchar os conflitos de natureza ética que lá são expostos em vez de tomá-la na sua literalidade, a exemplo de Saramago! Que viagem fantástica faria um mestre que decidisse destrinchar a geografia da Bíblia: não para endossar as suas incongruências, mas porque se chegaria — e se chega — a alguns dos palcos que marcaram dramas essenciais para o mundo contemporâneo.

Eu estou falando de civilização, não de militância. Reitero: um professor de biologia pode — e, a rigor, deve — abordar o criacionismo quando tratar da Teoria da Evolução. E tem, a meu ver, a obrigação de abordar o contexto histórico de cada uma das formulações. Isso é educação! O problema miserável é de outra natureza: falta à larga maioria preparo tanto para uma coisa quanto para outra. Quantos minutos demoraria para que a coisa caísse no puro proselitismo?

Raramente li tanta boçalidade como ao abordar essa. Raramente vi tamanha manifestação de desonestidade intelectual, moral e ética. Raramente percebi tamanha determinação em contestar o que não está escrito. O ódio à religião é uma das formas de obscurantismo. Não por acaso, matou milhões quando erigido em sistemas políticos. Aí reagiriam um e outro: "Mentira! Não é ódio à religião. Você pediu que o professor de biologia 'ensinasse' (SIC) criacionismo". E voltamos, então, à vaca fria, à depredação do debate e da inteligência, à mentira descarada como argumento.

E notem: esse debate não é novo. Na Grécia na Roma antigas, estavam lá alguns filósofos e poetas a negar a imortalidade da alma e os deuses. Houve quem os tenha usado para produzir monumentos como Ilíada e Odisséia(Homero) e Eneida (Virgílio); houve quem, como Lucrécio, os tenha negado (Da Natureza), sustentando que, se nossa alma fosse mesmo imortal, não deploraríamos tanto o fato de morrer. Não, o debate não é novo. Mas raramente ele foi tão ignorante.

E mais chatos ainda são alguns orgulhosos da própria ignorância, que pretendem sair do anonimato com seus bloguinhos irrelevantes, tentando pegar carona no debate. Pegam a bolsinha e vão pra avenida do mercado das idéias: "Vem comigo, benzinho, eu sou darwinista até debaixo de outro darwinista… Você sabe, lei da seleção… A minha direita é mais gostosa. Azevedo é criacionista, credo!. Serviço compreto é dois real…"

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/luzes-trevas/

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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Caso Matsunaga — Assim, nao, procuradora Eluf! Retire aquele texto, retire…

12/06/2012 - às 21:34
Caso Matsunaga — Assim, não, procuradora Eluf! Retire aquele texto, retire…

Escrevi um texto nesta manhã sobre a cobertura indecorosa que a imprensa, na média, vem dispensando ao caso Matsunaga. O morto está sendo tratado como vilão; a vilã — perdoem-me a esquisitice de chamar de vilã quem mata e esquarteja —, como vítima. Aponto naquele texto os fatores que explicam essa abordagem estúpida.

Os leitores me enviaram uma intervenção que Luíza Eluf fez no Facebook. Luíza não é uma cidadã comum, como somos todos. Também é procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo. Mais do que isso. Representou o Brasil na Conferência Internacional da Mulher em 1995, em Pequim, promovida pela ONU. Em 1990, fez parte da comissão que fez propostas para reformar o Código Penal.

Atenção! Por mais que as pessoas, nas redes sociais, falem como "indivíduos", não deixam de ser quem são, especialmente quando opinam sobre matéria ligada à sua área de interesse ou à sua profissão. Pois é… No dia 8, ela perdeu uma excelente chance de tomar um suco de laranja em vez de escrever esta monumental bobagem, a saber:

"A propósito desse novo 'crime da mala' que infelizmente ocorreu em SP, lembro aos maridos que não querem morrer pelas mãos da esposa que não devem comprar armas de fogo nem leva-las para casa. A arma facilita o crime, onde existe arma o perigo é muito grande. E as mulheres perdem o autocontrole com mais facilidade."

O que dizer? Há o tratamento jocoso do tema ("novo crime da mala"), a atribuição de culpa à própria vítima ("levou a arma para casa") e a advertência aos "maridos" — como se crimes dessa natureza fossem uma banalidade, uma decorrência de um mero mau hábito. Mais: há a tese subjacente — de que discordo, vocês sabem — segundo a qual a existência da arma induz a ação do criminoso. Estou entre aqueles que consideram que uma Bíblia em mãos erradas pode servir para esmagar um crânio.

De resto, não esperava ler, não saída da pena de uma histórica defensora das mulheres, a afirmação de que armas são especialmente perigosas nas mãos de mulheres porque elas "perdem o controle com mais facilidade". Heeeiiinnn, procuradora? Como é que é? Pode-se dizer o mesmo sobre, sei lá, o cartão de crédito? Ou sobre os potes de sorvete? Ou sobre os automóveis? Se as mulheres são geneticamente menos compatíveis com armas do que homens, seria o caso de criar limitações especiais para elas ou de haver leis diferenciadas quando matam? "Sabe, meritíssimo, foram os hormônios…"

Não quero satanizar a procuradora, não, e peço que vocês não o façam. Mas convido Luíza Eluf a retirar o pequeno texto que escreveu, com uma penca de bobagens. Foi só um mau momento, certo, doutora?
Por Reinaldo Azevedo

14/06/2012
 às 22:13
Caso Matsunaga — Luiza Eluf, procuradora de Justiça, responde a uma crítica do blogue. E eu treplico

Critiquei aqui um comentário que a procuradora de Justiça Luiza Eluf, do Ministério Público do Estado de São Paulo, postou no Facebook sobre o caso Matsunaga. Pareceu-me, vejam lá as razões, que ela foi ligeira e superficial. Seu texto sugere que o responsável último pela própria morte foi Marcos, que deu uma pistola de presente à mulher. Tanto é assim que Luíza recomendou aos "maridos que não querem morrer" que não levem arma para casa… Ela enviou ao blog o comentário que segue abaixo (em vermelho). Volto em seguida:

Sr. Reinaldo Azevedo,

O homicídio atribuído a Eliza Matsunaga contra seu marido Marcos leva a crer que foi, sim, mais um "crime da mala". Ou melhor: das malas. Ela saiu do apartamento levando três malas, conforme gravação das câmeras de segurança do edifício. Se, anos atrás, o esquartejamento de uma mulher foi chamado de crime da mala, por que não reconhecer a semelhança dos casos?
Quanto à existência de arma em casa, é indiscutível que o fato facilita o crime. A experiência mostra que, dificilmente, uma mulher entra em confronto físico com um homem. Uma faca não dá a mesma segurança de sucesso que uma arma de fogo. Uma faca ou uma Bíblia, como sugerido, requerem luta corporal, esforço físico e risco de fracasso no embate. A arma de fogo é mais rápida, mais segura e mais letal. Quase todos os casos de crimes passionais cometidos por mulheres contra seus maridos foram executados com uso de arma de fogo pertencente ao próprio marido. Veja os casos de Zulmira Galvão Bueno, Dorinha Duval e, quem sabe, a morte do Coronel Ubiratan, dentre os famosos, além de alguns outros sem tanta repercussão, nos quais já trabalhei. Lembrando, aliás, que crimes passionais em que a mulher é a autora representam absoluta minoria dos casos no Brasil. E, por fim, informo que a experiência também mostra que as mulheres cometem crimes violentos por impulso, no calor de uma discussão, em um momento de descontrole emocional. Já os homens premeditam suas ações, preparam friamente o ataque, a emboscada, por vezes durante meses, e terminam executando a vítima exatamente como planejado. Sugiro ao jornalista que leia o livro "A paixão no banco dos réus", exatamente sobre o assunto.

Luiza Eluf

Voltei
Começo pelo fim. Tenho certa atração pelos imodestos. Luiza Eluf recomenda, para me tirar das trevas da "inguinorança que astravanca o progressio", um livro de… Luiza Eluf!!! Como amor com amor se paga, eu lhe recomendo "O País dos Petralhas", "Máximas de Um País Mínimo" e "Contra o Consenso". Agora vamos de cima pra baixo. A esta altura, juridiquês à parte, certas esculturas é que são "atribuídas" a Aleijadinho porque não se tem certeza da autoria. Eliza Matsunaga é assassina confessa. E há provas materias de que cometeu o crime.

Uma arma facilita o crime? Tomada pela emoção, uma dessas mulheres com "descontrole emocional", como diz doutora Eluf, poderia lascar uma garrafada na cabeça do marido colecionador de vinhos. Aí seria o caso de advertir: "Maridos, se vocês não quiserem morrer com o crânio rachado, não tenham uma adega".

Justamente porque os crimes passionais cometidos por mulheres representam a absoluta minoria, então não se pode tirar da ocorrência em questão, como fez doutora Luiza, uma regra geral e, pois, uma sentença: "Maridos que não querem morrer não devem levar arma para casa".

Quanto à consideração de que mulheres cometem crimes violentos por impulso, e os homens, por cálculo, vejo nisso uma tentativa de usar um preconceito vicioso, como todos ("mulheres são emocionais, homens são racionais"), num contexto supostamente virtuoso. Ora, o impulso, por óbvio, vem carregado de atenuantes, não é? Já o cálculo… Quem mata porque vítima de um lapso da razão parece, evidentemente, menos perverso do que aquele que planejou meticulosamente a ação. Elas, coitadas!, não têm tempo de pensar; eles, os malvados, matam depois de refletir. No caso da assassina em tela, o "impulso" parece ter durado um tempão. Dado o tiro, ela cuidou nas horas seguintes do esquartejamento.

Sugiro à doutora Luiza que não tente teorizar sobre clichês. Meus livros podem ajudar.
Por Reinaldo Azevedo

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/caso-matsunaga-assim-nao-procuradora-eluf-retire-aquele-texto-retire/

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Para eleger o novo, Lula junta no palanque do PT a ex-prefeita que expulsou no seculo passado e um velho conhecido da Interpol

17/06/2012 - às 9:56 - Direto ao Ponto
Para eleger o novo, Lula junta no palanque do PT a ex-prefeita que expulsou no século passado e um velho conhecido da Interpol

"Luiz Inácio Lula da Silva tem como princípio não ter princípio, tanto moral, ético ou político", começa o brilhante artigo de Marco Antonio Villa reproduzido na seção Feira Livre. Homens assim se dispensam de compromissos com o que dizem, berram as estrondosas colisões entre a prática e o discurso da metamorfose malandra. Villa demonstra que tem sido assim desde 1975. Não poderia ser diferente na temporada eleitoral deste ano.

No Programa do Ratinho, por exemplo, Lula invocou o critério da certidão de nascimento para justificar a escolha do candidato do PT à prefeitura de São Paulo. "Por que o Fernando Haddad?", levantou a bola o apresentador. Decidido a acentuar a suposta vantagem dos 49 anos do ex-ministro da Educação sobre os 70 do adversário tucano José Serra, o palanqueiro oportunista aposentou cirurgicamente, sem anestesia, a  companheira Marta Suplicy.

"Convivi com a Marta durante trinta anos", informou. "Era o momento da gente apresentá uma coisa nova pra São Paulo. A população vai votá no novo porque quer mudança em São Paulo". Convidado a subir ao palco, o candidato recitou com muita aplicação o palavrório recomendado pelo principal slogan da campanha: "Um homem novo para um tempo novo". E concordou com o chefe: o eleitorado de São Paulo quer ver pelas costas quem já administrou a cidade.

Nesta sexta-feira, Haddad teve de fingir que nunca esteve no Programa de Ratinho, nem sabe direito quem é o marqueteiro da campanha, para comunicar oficialmente (sem ficar ruborizado) que a candidata a vice é a deputada federal Luiza Erundina. Indicada pelo PSB, Erundina foi prefeita de 1989 a 1992. Vai completar 78 anos em novembro. Ela e Haddad se enfiaram na mesma saia justa quando os jornalistas perguntaram se estão satisfeitos com a aliança, costurada por Lula e Dilma Rousseff, que colocou no colo da dupla Paulo Maluf e seu PP.

Hoje com 80 anos, o novo aliado foi prefeito entre 1969 e 1971, nomeado pelo governo militar, e voltou a ocupar o cargo de 1993 a 1996. Quase conseguiu quebrar São Paulo. Escolheu Celso Pitta para completar a obra de destruição e nunca mais conseguiu vencer uma disputa majoritária. Em troca do apoio a Haddad e Erundina, Dilma cumpriu a ordem de Lula e e doou ao parceiro um cofre (disfarçado de "Secretaria") no Ministério das Cidades. Maluf terá de gastar o lucro por aqui: a Interpol mantém seu nome na lista dos mais procurados em todo o mundo. A partir de segunda-feira, poderá encontrá-lo no palanque do PT.

Como só sabe falar do novo, Haddad perturbou-se quando instado a explicar o súbito apreço pelo antigo pesadelo. Um repórter quis saber como se sentirá ao lado de Maluf. Resposta transcrita do vídeo gravado pelo UOL: "Olha…veja bem…quando você faz uma composição política, você tem que ter o princípio. Se você olhar cada partido individualmente, você vai fazer…é…a tua avaliação sobre… é… A, B, ou C". Nem Dilma Rousseff chegou a tanto.

Lula não compareceu à festa que juntou duas gerações do PT. Uma é a que expulsou Erundina porque aceitou ser ministra do presidente Itamar Franco. Outra é a que topa qualquer negócio, até com Maluf. O que parecia um partido virou rebanho. Lula continua o mesmo. O repertório de vigarices é que ficou maior. Quando não sabe o que dizer, ele agora se recolhe ao Sírio Libanês, perde a voz por dois dias e reaparece com cara de quem não tem nada com isso. Nunca teve.

Tags: Fernando Haddad, Luiza Erundina, Lula, Paulo Maluf, PP, prefeitura, PT, São Paulo

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/para-eleger-o-novo-lula-junta-no-palanque-do-pt-a-ex-prefeita-que-expulsou-no-seculo-passado-e-um-velho-conhecido-da-interpol/

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Dom Sebastiao voltou

16/06/2012 - às 19:12 - Feira Livre
'Dom Sebastião voltou', um artigo de Marco Antonio Villa

PUBLICADO NO ESTADÃO DESTE SÁBADO

MARCO ANTONIO VILLA

Luiz Inácio Lula da Silva tem como princípio não ter princípio, tanto moral, ético ou político. O importante, para ele, é obter algum tipo de vantagem. Construiu a sua carreira sindical e política dessa forma. E, pior, deu certo. Claro que isso só foi possível porque o Brasil não teve - e não tem - uma cultura política democrática. Somente quem não conhece a carreira do ex-presidente pode ter ficado surpreso com suas últimas ações. Ele é, ao longo dos últimos 40 anos, useiro e vezeiro destas formas, vamos dizer, pouco republicanas de fazer política.

Quando apareceu para a vida sindical, em 1975, ao assumir a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, desprezou todo o passado de lutas operárias do ABC. Nos discursos e nas entrevistas, reforçou a falácia de que tudo tinha começado com ele. Antes dele, nada havia. E, se algo existiu, não teve importância. Ignorou (e humilhou) a memória dos operários que corajosamente enfrentaram - só para ficar na Primeira República - os patrões e a violência arbitrária do Estado em 1905, 1906, 1917 e 1919, entre tantas greves, e que tiveram muitos dos seus líderes deportados do País.

No campo propriamente da política, a eleição, em 1947, de Armando Mazzo, comunista, prefeito de Santo André, foi irrelevante. Isso porque teria sido Lula o primeiro dirigente autêntico dos trabalhadores e o seu partido também seria o que genuinamente representava os trabalhadores, sem nenhum predecessor. Transformou a si próprio - com o precioso auxílio de intelectuais que reforçaram a construção e divulgação das bazófias - em elemento divisor da História do Brasil. A nossa história passaria a ser datada tendo como ponto inicial sua posse no sindicato. 1975 seria o ano 1.

Durante décadas isso foi propagado nas universidades, nos debates políticos, na imprensa, e a repetição acabou dando graus de verossimilhança às falácias. Tudo nele era perfeito. Lula via o que nós não víamos, pensava muito à frente do que qualquer cidadão e tinha a solução para os problemas nacionais - graças não à reflexão, ao estudo exaustivo e ao exercício de cargos administrativos, mas à sua história de vida.

Num país marcado pelo sebastianismo, sempre à espera de um salvador, Lula foi a sua mais perfeita criação. Um dos seus "apóstolos", Frei Betto, chegou a escrever, em 2002, uma pequena biografia de Lula. No prólogo, fez uma homenagem à mãe do futuro presidente. Concluiu dizendo que - vejam a semelhança com a Ave Maria - "o Brasil merece este fruto de seu ventre: Luiz Inácio Lula da Silva". Era um bendito fruto, era o Messias! E ele adorou desempenhar durante décadas esse papel.

Como um sebastianista, sempre desprezou a política. Se ele era o salvador, para que política? Seus áulicos - quase todos egressos de pequenos e politicamente inexpressivos grupos de esquerda -, diversamente dele, eram politizados e aproveitaram a carona histórica para chegar ao poder, pois quem detinha os votos populares era Lula. Tiveram de cortejá-lo, adulá-lo, elogiar suas falas desconexas, suas alianças e escolhas políticas. Os mais altivos, para o padrão dos seus seguidores, no máximo ruminaram baixinho suas críticas. E a vida foi seguindo.

Ele cresceu de importância não pelas suas qualidades. Não, absolutamente não. Mas pela decadência da política e do debate. Se aplica a ele o que Euclides da Cunha escreveu sobre Floriano Peixoto: "Subiu, sem se elevar - porque se lhe operara em torno uma depressão profunda. Destacou-se à frente de um país sem avançar - porque era o Brasil quem recuava, abandonando o traçado superior das suas tradições…".

Levou para o seu governo os mesmos - e eficazes - instrumentos de propaganda usados durante um quarto de século. Assim como no sindicalismo e na política partidária, também o seu governo seria o marco inicial de um novo momento da nossa história. E, por incrível que possa parecer, deu certo. Claro que desta vez contando com a preciosa ajuda da oposição, que, medrosa, sem ideias e sem disposição de luta, deixou o campo aberto para o fanfarrão.

Sabedor do seu poder, desqualificou todo o passado recente, considerado pelo salvador, claro, como impuro. Pouco ou nada fez de original. Retrabalhou o passado, negando-o somente no discurso.

Sonhou em permanecer no poder. Namorou o terceiro mandato. Mas o custo político seria alto e ele nunca foi de enfrentar uma disputa acirrada. Buscou um caminho mais fácil. Um terceiro mandato oculto, típica criação macunaímica. Dessa forma teria as mãos livres e longe, muito longe, da odiosa - para ele - rotina administrativa, que estaria atribuída a sua disciplinada discípula. É um tipo de presidência dual, um "milagre" do salvador. Assim, ele poderia dispor de todo o seu tempo para fazer política do seu jeito, sempre usando a primeira pessoa do singular, como manda a tradição sebastianista.

Coagir ministros da Suprema Corte, atacar de forma vil seus adversários, desprezar a legislação eleitoral, tudo isso, como seria dito num botequim de São Bernardo, é "troco de pinga".

Ele continua achando que tudo pode. E vai seguir avançando e pisando na Constituição - que ele e seus companheiros do PT, é bom lembrar, votaram contra. E o delírio sebastianista segue crescendo, alimentado pelos salamaleques do grande capital (de olho sempre nos generosos empréstimos do BNDES), pelos títulos de doutor honoris causa (?) e, agora, até por um museu a ser construído na cracolândia paulistana louvando seus feitos.

E Ele (logo teremos de nos referir a Lula dessa forma) já disse que não admite que a oposição chegue ao poder em 2014. Falou que não vai deixar. Como se o Brasil fosse um brinquedo nas suas mãos. Mas não será?

MARCO ANTONIO VILLA, HISTORIADOR,  É PROFESSOR DA , UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR)

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/dom-sebastiao-voltou-um-artigo-de-marco-antonio-villa/

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sábado, 16 de junho de 2012

Sobral Pinto ensina ao defensor de Cachoeira que um advogado e o juiz inicial da causa.

15/06/2012 - às 0:05 - Direto ao Ponto
Sobral Pinto ensina ao defensor de Cachoeira que um advogado é o juiz inicial da causa. Não pode agir como comparsa

"Serei eu o juiz do meu cliente?", pergunta Márcio Thomaz Bastos no título do artigo publicado na Folha desta quinta-feira. O cliente em questão é, segundo o doutor, "Carlos Augusto Ramos, chamado Cachoeira", que contratou em março os serviços do ex-ministro da Justiça capaz de  enxergar inocentes até em serial killers americanos. "Não o conhecia, embora tivesse ouvido falar dele", informa no quinto parágrafo. Ouvira o suficiente para cobrar R$15 milhões pela missão de garantir que envelheça em liberdade.

Depois de consumir dezenas de linhas na descrição do calvário imposto a um cidadão sem culpas por policiais perversos, promotores desalmados e juízes sem coração, o doutor enfim se anima a responder à pergunta do título. "Serei eu então juiz de meu cliente?", repete. "Por princípio, creio que não. Sou advogado constituído num processo criminal. Como tantos, procuro defender com lealdade e vigor quem confiou a mim tal responsabilidade".

Conversa fiada, demonstrou o grande Heráclito Fontoura Sobral Pinto num trecho de numa carta escrita em outubro de 1944 (veja post na seção Vale Reprise): "O primeiro e mais fundamental dever do advogado é ser o juiz inicial da causa que lhe levam para patrocinar. Incumbe-lhe, antes de tudo, examinar minuciosamente a hipótese para ver se ela é realmente defensável em face dos preceitos da justiça. Só depois de que eu me convenço de que a justiça está com a parte que me procura é que me ponho à sua disposição".

No artigo, Márcio Thomaz Bastos sustenta que todos os clientes e causas merecem o mesmo tratamento. Assim, vale tudo para absolver tanto um ladrocida compulsivo quanto de um sacristão engaiolado por ter bebido o vinho do padre. "Não há exagero na velha máxima: o acusado é sempre um oprimido", afirma. "Ao zelar pela independência da defesa técnica, cumprimos não só um dever de consciência, mas princípios que garantem a dignidade do ser humano no processo. Assim nos mantemos fiéis aos valores que, ao longo da vida, professamos defender. Cremos ser a melhor maneira de servir ao povo brasileiro e à Constituição livre e democrática de nosso país".

Quem colocou o gabinete de ministro da Justiça a serviço da quadrilha do mensalão não pode disfarçar-se de guardião do Estado de Direito. Quem procura enterrar em cova rasa as provas contra Cachoeira, colhidas pela Polícia Federal que chefiou, está convidado a dispensar-se de declarações de amor à democracia. Sem imaginar como seria o Brasil da segunda década do século seguinte, Sobral Pinto desmoralizou as falácias desfiadas por Márcio:

"A advocacia não se destina à defesa de quaisquer interesses. Não basta a amizade ou honorários de vulto para que um advogado se sinta justificado diante de sua consciência pelo patrocínio de uma causa. O advogado não é, assim, um técnico às ordens desta ou daquela pessoa que se dispõe a comparecer à Justiça. O advogado é, necessariamente, uma consciência escrupulosa ao serviço tão só dos interesses da justiça, incumbindo-lhe, por isto, aconselhar àquelas partes que o procuram a que não discutam aqueles casos nos quais não lhes assiste nenhuma razão".

Na Folha, o advogado de Cachoeira tortura a verdade: "Aconteceu o mais amplo e sistemático vazamento de escutas confidenciais", fantasia. "A pródiga história brasileira dos abusos de poder jamais conheceu publicidade tão opressiva. Estranhamente, a violação de sigilo não causou indignação. Dia após dia, apareceram diálogos descontextualizados, compondo um quadro que lançou Carlos Augusto na fogueira do ódio generalizado. Trocou-se o valor constitucional da presunção de inocência pela intolerância do apedrejamento moral".

Tradução da discurseira em juridiquês: a culpa é da imprensa, responsável pelo que o articulista define como "publicidade opressiva". A expressão foi inaugurada na entrevista à Band em que o doutor acusou a imprensa de ter tomado partido no caso do mensalão. O bando liderado por José Dirceu nada fez de errado, explicou o entrevistado. Só será punida se os ministros do STF cederem à "publicidade opressiva" produzida por jornalistas que insistem em ver as coisas como as coisas são.

Na carta, o jurista admirável coloca em frangalhos, com quase 70 anos de antecedência, a tese forjada para justificar a parceria entre márcios e cachoeiras: "É indispensável que os clientes procurem o advogado de suas preferências como um homem de bem a quem se vai pedir conselho.  Orientada neste sentido, a advocacia é, nos países moralizados, um elemento de ordem e um dos mais eficientes instrumentos de realização do bem comum da sociedade".

Desde 2005, quando o mensalão o induziu a excluir valores éticos dos critérios que determinam a aceitação de uma causa, o espetáculo tristonho se repete: sempre que Márcio Thomaz Bastos triunfa num tribunal, a Justiça é derrotada e a verdade morre outra vez. Gente com culpa no cartório escapa da cadeia, cresce a multidão de brasileiros convencidos de que aqui o crime compensa e ganha consistência a suspeita de que lutar pela aplicação rigorosa da lei é a luta mais vã.

É o que ocorrerá, por exemplo, se os argumentos invocados pelo ex-ministro forem acolhidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que designou três desembargadores para julgarem o pedido de habeas corpus impetrado em favor de Cachoeira. O relator Tourinho Neto já encampou as reivindicações de Márcio. Votou pela soltura do meliante, preso desde 29 de fevereiro, e considerou ilegal a escuta telefônica feita por agentes da Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo. Falta apenas um voto para a consumação da ignomínia.

Todo acusado, insista-se, tem direito a um advogado de defesa. Mas doutor nenhum tem o direito de mentir para livrar de punições o acusado de crimes que comprovadamente cometeu. O advogado, resumiu Sobral Pinto,  é o juiz inicial da causa. Não pode agir como comparsa.

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/sobral-pinto-ensina-ao-defensor-de-cachoeira-que-um-advogado-e-o-juiz-inicial-da-causa-nao-pode-agir-como-comparsa/

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Codigo Penal e o Estatuto da Crianca e do Adolescente!

14/06/2012 -  às 18:41
Leitor, você tem contra a sua cabeça uma arma, a Constituição, o Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente! Que o Brasil seja um país reacionário como o Canadá, a Holanda, a Finlândia, a Suécia, a Noruega…

Ele tem 16 anos e lidera a quadrilha responsável por pelo menos 12 de 17 arrastões a restaurantes e bares na cidade de São Paulo desde fevereiro.

Ele participou pessoalmente de seis desses doze.

Ele tem liderado as ações que estão servindo ao baixo proselitismo político. Os que não se conformam com o fato de a capital e o estado exibirem alguns dos mais baixos índices de violência do país (homicídio, o mais grave, em particular) estavam e estão usando as ocorrências para tentar demonstrar que a eficiência da política de segurança pública é uma balela, que tudo caminha para o caos, que as coisas estão fugindo ao controle. Petistas em particular parecem mais felizes do que pinto no lixo. Vocês sabem como é…

Ele foi preso em fevereiro, depois do assalto ao bar Nello's. Mas foi posto em liberdade pela Justiça, que cumpriu a lei, diga-se. Solto, deu curso às suas aventuras — desventuras para as vítimas — em série.

Ele não esconde o rosto, não, embora saiba da existência de câmeras em muitos estabelecimentos porque, afinal, os únicos que têm algo a temer são os clientes e donos dos estabelecimentos assaltados.

Ele pratica seus assaltos armado com um revólver e com os artigos 27 do Código Penal e 228 da Constituição, que garantem a inimputabilidade penal aos menores de 18 anos. Nós todos somos, então, assaltados e aviltados em nossos direitos fundamentais pelo revólver dele e pelos artigos 27 do Código Penal e 228 da Constituição.

Pois é… Recorro à anáfora com o propósito óbvio de deixar claro que eu não posso citar o nome dele. No máximo, o apelido: "Didi". A lei o protege também disso. E é bastante severa. Leiam o que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA):
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

O estatuto era tão dedicado à defesa do adolescente ao qual se "atribui um ato infracional" que o parágrafo 2º do Artigo 247 trazia isto:
"Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois números."

Uma Ação Direita de Inconstitucionalidade acabou suprimindo essa parte. Como se nota, até a livre circulação de ideias podia ser suprimida para proteger esta expressão da doçura adolescente que é Didi, um verdadeiro pastor amorável de Virgílio…

Vigarice intelectual e moral
A vigarice intelectual e moral no Brasil decidiu fazer um pacto com o crime ao estabelecer a inimputabilidade penal aos menores de 18 anos. É como declarar um "pratique-se o crime" para os bandidos abaixo dessa idade. Didi, ora vejam, pode votar! Pode eleger presidente da República. E também pode apontar um arma para a nossa cabeça e encarar as câmeras na certeza de que nada vai lhe acontecer.

"Ah, como Reinaldo é reacionário! Só mesmo os reaças defendem essa tese"! Então vamos rever o limite da inimputabilidade em alguns dos países mais "reacionários" do planeta:

Sem idade mínima
— Luxemburgo

7 anos
— Austrália
— Irlanda

10 anos
— Nova Zelândia
— Grã-Bretanha

12 anos
— Canadá
— Espanha
— Israel
— Holanda

14 anos
— Alemanha
— Japão

15 anos
— Finlândia
— Suécia
— Dinamarca

16 anos
— Bélgica
— Chile
— Portugal

Até na querida (deles!!!) Cuba, a maioridade penal se dá aos 16 anos. Os países civilizados tendem a achar que o que determina a punição é a gravidade do crime e a consciência que o criminoso tem do ato praticado. A Inglaterra julgou e condenou Jon Venables e Robert Thompson, os dois monstros de 11 anos que, em 1993, sequestraram num shopping o bebê James Bulger, de 2. A vítima foi amarrada à linha do trem, depois de espancada e atingida por tijoladas. Os dois confessaram que queriam saber como era ver o corpo explodir quando o trem passasse por cima. Viram.

A Inglaterra pode julgar assassinos a partir dos 10 anos. Se condenados, dada a idade, a pena fica a cargo da Justiça. Pegaram 15 anos. Depois de idas e vindas, acabaram soltos em 2001, após a intervenção da Corte Europeia de Direitos Humanos. Por alguma razão, os que acabam se especializando nos tais "direitos humanos" parecem fatalmente atraídos pelos direitos de desumanos ou, sei lá, de inumanos. Os dois ganharam nova identidade, mas foram condenados a prestar contas à Justiça sobre os seus passos… pelo resto de suas miseráveis vidas!!! Em 2010, aos 28 anos, Venables voltou a ser preso por ter violado os termos do acordo.

As fotos dos monstrengos e de sua vítima correram o mundo. No Brasil, bandido é bibelô. No fim das contas, há mais organizações empenhadas em garantir os direitos de quem transgride a lei do que daqueles que têm seus direitos violados. Quantas vezes vocês viram ONGs especializadas em direitos humanos falar em nome das garantias de que dispõem os homens comuns?

As chances de que "ele" seja posto de novo na rua são enormes. Livre, leve e solto, voltará a fazer arrastões porque a relação custo-benefício lhe é amplamente favorável. Se ficar internado na instituição Casa (antiga Febem), ganhará a liberdade aos 18 anos. Aí, na imaginação dos cretinos do miolo mole, será tomado por um enorme senso de decência e procurará trabalhar com carteira assinada, certo? Tenham paciência!

Sim, claro, claro! Eu sou um grande reacionário por escrever essas coisas, e reacionário deve ser o sistema penal de países "fascistas" como a Finlândia, a Suécia e a Dinamarca. Por lá, a inimputabilidade acaba aos 15 anos. O tal "Didi" ficaria um bom tempo impedido de apontar a arma, a Constituição, o Código Penal e o ECA contra a cabeça de pessoas de bem.

PS — Outro dia um desses vagabundos da subimprensa que se querem passar por progressistas ironizou o fato de eu empregar a velha expressão "homens de bem". Emprego, sim, ora essa! E acho que o contrário dos "homens de bem" são os "homens do mal".
Por Reinaldo Azevedo

Tags: maioridade penal

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/leitor-voce-tem-contra-a-sua-cabeca-uma-arma-a-constituicao-o-codigo-penal-e-a-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-que-o-brasil-seja-um-pais-reacionario-como-o-canada-a-holanda-a-finlandia-a-s/

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Todo o povo e convidado a procurar a salvacao

Ó vós todos os que tendes sede, vinde às águas, e vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.
Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura.
Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei um concerto perpétuo, dando-vos as firmes beneficências de Davi.
Eis que eu o dei como testemunha aos povos, como príncipe e governador dos povos.
Eis que chamarás a uma nação que não conheces, e uma nação que nunca te conheceu correrá para ti, por amor do SENHOR, teu Deus, e do Santo de Israel; porque ele te glorificou.
Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.
Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.
Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR.
Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.
Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come,
assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei.
Porque, com alegria, saireis e, em paz, sereis guiados; os montes e os outeiros exclamarão de prazer perante a vossa face, e todas as árvores do campo baterão palmas.
Em lugar do espinheiro, crescerá a faia, e, em lugar da sarça, crescerá a murta; isso será para o SENHOR por nome, por sinal eterno, que nunca se apagará. (Is 55) - (apóstolo ely silmar vidal)

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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Procurador da Republica contra Marcio Thomaz Bastos

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Religiao e etica - (Sergio Telles)

Religião e ética - 21/01/2012 - 3h 09

Sérgio Telles - O Estado de S.Paulo

Nao li Religião para Ateus (Ed. Intrínseca), de André de Botton, e sim a recente resenha que lhe dedicou Terry Eagleton, filósofo e crítico literário inglês. Eagleton diz que, ao contrário de Marx e Nietzsche, que diretamente combatiam a religião, muitos filósofos, como Maquiavel, Voltaire, Rousseau, Diderot, Tolland, Gibbon, Matthew Arnold, Auguste Comte e o contemporâneo Habermas, compartilham a descrença nos dogmas religiosos, mas, ainda assim, consideram que a religião é útil para manter sob controle a ralé, a plebe, o populacho, a massa, a chusma... De forma irônica, Eagleton resume a postura desses pensadores, entre os quais inclui Botton, num mote - "eu mesmo não acredito, mas, do ponto de vista político, é mais prudente que você acredite". A seu ver, uma contraditória forma de pensar por aqueles que, enquanto filósofos, deveriam zelar pela integridade do intelecto.

Se Eagleton está correto em sua leitura, Botton e demais autores citados parecem incorrer no erro decorrente de uma indiscriminação entre os campos da religião e da ética, confusão sobre a qual Jacques Derrida se debruçou no Seminário de Capri, em 1994.

A maioria das pessoas pensa que os valores mais elevados da humanidade - o amor, o respeito ao outro, a abdicação da agressividade, o desejo de estabelecer a paz na comunidade - estão depositados e resguardados na religião. Por esse motivo, qualquer crítica que se lhe faça é entendida como um ataque a esses valores fundamentais para a civilização. Ao não se discriminar o que é próprio da religião e o que é próprio da ética, conclui-se apressada e erroneamente que o não religioso, o ateu, é um ser aético e antimoral.

No empenho de estabelecer o que é estritamente do domínio do religioso, Derrida pinça duas experiências especificas - a da fé e a do sagrado. À primeira vista, seriam elas exclusivas da religião. Mas Derrida mostra que não é bem assim. Em primeiro lugar, se entendemos a religião como a prática ligada ao trato com o divino e suas revelações, logo percebemos que a fé não se restringe a esse campo. A fé se faz imprescindível em qualquer contato entre os homens. É preciso ter fé no outro, é preciso crer no que ele diz, acreditar que ele fala a verdade. De forma semelhante, o sagrado também não se limita ao divino, pois a consideração à vida e ao outro deve ter essa conotação. A vida, diz Derrida, é algo que deve permanecer "indene, sã, a salvo, intocável, sagrada".

Na medida em que evidencia que a fé não é uma experiência própria e exclusiva da religião e sim algo inerente e indispensável no relacionamento humano, Derrida desfaz a incompatibilidade entre fé e razão, oposição tradicional mantida com grande vigor desde o Iluminismo por aqueles que julgam nela se apoiar a possibilidade do pensamento científico. Derrida afirma o contrário. É justamente por ter fé na palavra do outro que a transmissão de conhecimento se faz possível.

Qualquer relação humana se baseia na possibilidade de aliança com o outro, na crença de ouvir dele a verdade e, em retribuição, para ele também falar a verdade, de ter com ele uma "fé jurada". Esses atos de grande importância nas relações pessoais geram quase automaticamente a figura necessária de uma testemunha, aquele que garante e dá credibilidade às sempre frágeis e incertas promessas e alianças entre os homens. Ninguém melhor do que um deus para cumprir essa função.

O que Derrida propõe é que aquilo que aparece simbolizado, idealizado e "purificado" na religião, e que se acredita ser específico dela, na verdade são aspectos essenciais das relações entre os homens. Aponta para uma religião não "religiosa" no sentido comum, "ateologizada", fruto de necessidades humanas. Nesse sentido, o título do livro de Botton, uma religião para ateus, parece apontar para a mesma direção, mas por vias não coincidentes.

Freud também concebia a religião como fruto de necessidades humanas, atendendo a anseios arcaicos por um pai poderoso que garantisse amor e proteção contra os perigos existentes e a ameaça onipresente da morte. Na religião, são reencontrados os pais fortes da infância e dos quais não se quer abrir mão, na relutância em se assumir a própria autonomia na vida adulta.

Ao fazer a discriminação entre religião e ética, persiste uma questão. Muitos pensam que a ética decorre de preceitos religiosos, seria ela um depurado leigo dos mandamentos divinos. Entretanto, Freud mostrou que a ética decorre de procedimentos humanos necessários para a sobrevivência. Cada homem deve conter sua sexualidade e sua agressividade para que seja possível a convivência em comum, para que o grupo social sobreviva. No correr do tempo, essa contenção se codifica em normas de conduta que regem as relações humanas.

O filósofo Philip Kitcher diz algo semelhante no artigo Ethics without Religion, ao enfatizar a importância de compreender as raízes históricas de nossas práticas éticas. Afastando-se da ideia de que mandamentos semelhantes possam ter sido enunciados por diferentes deuses em épocas e culturas diversas, pensa que tais mandamentos teriam surgido como soluções práticas para problemas sociais. Posteriormente teriam sido absorvidos pelos diferentes contextos religiosos, o que lhes teria dado uma força suplementar. Ou seja, a ética não decorreria de preceitos divinos revelados e sim da codificação de procedimentos e condutas impostos pela necessidade de viver em grupo. Essas regras humanas teriam sido absorvidas pela religião e transformadas em mandamentos divinos.

Mostra Kitcher que entender a natureza humana da ética nos possibilita ter uma ideia do trajeto percorrido e do estágio que atingimos - de hordas de primatas às nossas complexas sociedades -, dando-nos forças para continuar melhorando um projeto jamais acabado, em permanente processo de aprimoramento.

Os que defendem a religião como necessária para a estabilidade social, como Eagleton diz que fazem Botton e outros filósofos citados, esquecem que ela muitas vezes coloca em risco o laço social. No momento em que dogmas diferentes entram em choque, impera a violência, instala-se a intransigência e intolerância.

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Dificil diagnostico - (Sergio Telles)

Difícil diagnóstico - 26/05/2012 - 3h 10

Sérgio Telles

Excluindo as doenças mentais mais graves - nas quais as perturbações das funções psíquicas são facilmente reconhecíveis através de sintomas como delírios, alucinações ou crises de agitação psicomotora -, é difícil estabelecer um diagnóstico em psiquiatria. Não há parâmetros unívocos para detectar com precisão as alterações na estrutura do pensamento, na produção das ideias, na intensidade da atenção, nas nuances da senso-percepção. As fronteiras entre a chamada normalidade e a psicopatologia não são bem delimitadas e mudam em função das circunstâncias socioculturais.

O psiquiatra conta apenas com a capacidade de observação e a subjetividade para avaliar este imponderável material que é a vida psíquica. Isso faz com que os diagnósticos em psiquiatria muitas vezes oscilem, não tenham a firmeza desejada.

Em 1952, a Associação Psiquiátrica Americana (APA) lançou a primeira versão do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Distúrbios Mentais, que passou a ser mundialmente conhecido como DSM. Suas três primeiras versões não diferiam muitos dos grandes compêndios de psiquiatria, com suas densas descrições da psicopatologia, na maioria das vezes baseadas em pressupostos psicanalíticos. Em 1980, saiu sua terceira edição, o DSM3, com um enfoque diferente, procurando uniformizar e padronizar os dados observados, com o objetivo de deixar os diagnósticos psiquiátricos menos vagos e imprecisos. Grosso modo, ao invés de atentar para os meandros do psiquismo e as profundezas da psicopatologia ou da psicodinâmica psicanalítica, o DSM3 se centrou no registro dos sintomas observáveis no pragmatismo e na conduta do paciente, mais fáceis de quantificar e avaliar estatisticamente. Os motivos conscientes ou inconscientes que poderiam estar ligados a estes sintomas não são valorizados, não é feita uma relação de causa e efeito entre vivências existenciais traumáticas e a sintomatologia. O exame psiquiátrico não se interessa pela vida do paciente.

Esse enfoque reflete uma mudança na própria abordagem e compreensão da doença mental. Abandonou-se a visão analítica psicogênica e se defende a ideia de que o funcionamento normal do psiquismo resulta do equilíbrio dos neurotransmissores cerebrais, substâncias existentes entre os neurônios a facilitarem a circulação dos impulsos e sinais. Os sintomas seriam evidências do desequilíbrio dos neurotransmissores. Em sendo assim, não importam as vivências atuais e passadas do paciente e sim o repertório de sintomas que exibe e que será eliminado com uma medicação que devolve aos neurotransmissores o equilíbrio perdido. As psicoterapias são desvalorizadas e quando indicadas, devem seguir a linha cognitivista, que ensina o paciente a lidar com o sintoma através de treinamentos e condicionamentos conscientes. Não pode ser ignorado que este panorama se instala dentro de dois grandes referenciais econômicos - a indústria farmacêutica e os seguros-saúde, ambos beneficiados pela ênfase quase exclusiva na medicação. O primeiro, pelo incremento nas vendas, pois das medicações prescritas nos Estados Unidos, as psicotrópicas são as mais vendidas, tendo movimentado mais de US$ 14 bilhões em 2008. O segundo, que passa a impor para os segurados um modelo cognitivo de terapia com poucas sessões, que lhes é bem mais barato do que as longas terapias que antes tinham de pagar.

Largo debate se estabeleceu desde então. Os aspectos positivos deste enfoque são a tentativa de uniformização dos critérios diagnósticos, compartilhados facilmente por psiquiatras de várias culturas e formações diversas, o que deu novo alento à pesquisa e epidemiologia em psiquiatria. Como pontos negativos, ressalta-se a proliferação desenfreada de diagnósticos, a patologização e medicalização de modos de ser, a expansão para a infância de diagnósticos antes restritos a outras faixas etárias, como o transtorno bipolar.

A própria psiquiatria sofre uma certa desumanização, na medida em que o paciente fica despojado de sua singularidade, em que sua história é ignorada. Descarta-se o saber psicanalítico e a consulta psiquiatra fica rebaixada a um mero check-list de sintomas, na qual o paciente não tem oportunidade de falar de sua angústia e sofrimentos. Ao relegar sua vertente psicoterápica a um segundo plano e enfatizar excessivamente o lado medicamentoso, cuja importância não pode ser diminuída, a prática psiquiátrica fica empobrecida. Além do mais, se a psicopatologia fica reduzida a um mero desequilíbrio dos neurotransmissores, qualquer médico não psiquiatra se sente autorizado a passar antidepressivos e tranquilizantes, como ocorre atualmente.

Este é o pano de fundo que se instalou progressivamente desde os anos 80. Agora se aguarda com expectativa o DSM5, a quinta edição do manual, a ser lançada em maio do próximo ano. No último dia 11, o dr. Allen Frances, que liderou uma das forças-tarefa do DSM4, escreveu um artigo no New York Times fazendo pesadas críticas ao modo como os trabalhos estão sendo encaminhados.

Allen teme que o DSM5 seja um "desastre", pois insiste em ampliar cada vez mais os critérios diagnósticos, invadindo a infância e procurando transformar as preocupações, angústias e tristezas inerentes à vida em sintomas a serem medicados. Com isso, "introduzirá muitos diagnósticos novos e não comprovados que irão medicalizar a normalidade", resultando numa "fartura desnecessária e prejudicial de prescrição medicamentosa".

Allen diz que a fabricação de diagnósticos - desvio no qual as DSM são pródigas - é mais danosa do que a proliferação de medicação, embora uma coisa leve à outra. Apesar de afastar a acusação mais comum de que o grupo do DSM5 está atrelado à indústria farmacêutica, sabe-se que mais de 70 % dele declarou ter algum tipo de vínculo com ela. Allen vai mais longe ao propor que a própria APA abdique da função de estabelecer o que é mentalmente são ou doente, pois acredita que o mundo mudou e que essa atribuição não pode mais ficar restrita a uma associação de psiquiatria e, sim, a um leque muito mais vasto de representantes da sociedade.

Vê-se que o DSM tentou resolver um problema - a excessiva subjetividade na formulação do diagnóstico - e caiu noutro, a produção excessiva de diagnósticos "objetivos". É um impasse, que não deve ser entendido como uma prova da insuficiência da psiquiatria e, sim, como evidência da complexidade do fenômeno do qual ela trata.

Não é fácil medir e pesar a loucura dos homens, como tão bem sabia Machado de Assis. Em O Alienista, o Dr. Simão Bacamarte também oscilava em firmar o diagnóstico - serão todos loucos em Itaguaí, ou não há louco nenhum? Sem chegar a uma conclusão, termina por se internar sozinho no Hospício de Casa Verde, numa decisão mais filosófica do que clínica.

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Lula confirma que portadores da sindrome de Deus sso muito parecidos com um Napoleao de hospicio

10/06/2012 - às 19:34 - Direto ao Ponto
Lula confirma que portadores da síndrome de Deus são muito parecidos com um Napoleão de hospício

A arrogância do chefe da seita e a docilidade do rebanho reafirmam que a mais notável diferença entre um Napoleão de hospício e um líder político portador da síndrome de Deus está na reação das testemunhas confrontadas com surtos de grosso calibre: enquanto os enfermeiros providenciam a camisa-de-força e um sossega-leão, os devotos batem palmas e berram amém. A história informa que foi sempre assim. Assim tem sido com Lula e seus seguidores.

Depois da vitória de Dilma Rousseff em 2010, o maior dos governantes desde Tomé de Souza botou na cabeça que é mesmo onipresente, onisciente e onipotente. Quem transforma um neurônio solitário em presidente do Brasil pode fazer o que quiser, deduziu o mestre e concordaram os discípulos. Poderia, por exemplo, tornar-se o primeiro secretário-geral da ONU que não sabe falar sequer a língua do país onde nasceu. Ou ganhar o Prêmio Nobel da Paz com o apoio militante dos aiatolás atômicos e dos genocidas africanos.

Mas primeiro deveria livrar São Paulo do jugo dos tucanos, decidiu o intuitivo incomparável ao deixar a Presidência. Para pavimentar o caminho que levaria Antonio Palocci ao Palácio dos Bandeirantes, ordenou à sucessora que garantisse ao estuprador de sigilo bancário uma escala na Casa Civil. O plano infalível não durou seis meses. A descoberta do milagre da multiplicação do patrimônio escancarou as patifarias do consultor de araque, o reincidente acabou despejado do Planalto e hoje usa o direito de ir e vir para driblar camburões na planície.

O fiasco aconselhou o articulador genial a esquecer por uns tempos o governo paulista, mas não lhe reduziu a autoconfiança, nem a ansiedade pela anexação do território paulista aos seus domínios. Convencido de que quem elegeu um poste de terninho nem precisa suar em palanques para eleger um poste com topete, comunicou ao PT que o prefeito de São Paulo seria Fernando Haddad. Ele cuidaria pessoalmente de domar os recalcitrantes, silenciar os descontentes, alegrar os amuados, renovar o contrato com a base alugada e, de quebra, consolidar uma surpreendente parceria com o PSDB de Gilberto Kassab.

Deu tudo errado. Prematuramente aposentada pelo dono do partido, Marta Suplicy continua fora da campanha de Haddad. O PMDB lançou a candidatura de Gabriel Chalita. O PR e o PP avisaram que o acerto nacional não se estende aos municípios e se juntaram à coligação liderada pelo PSDB de José Serra. Kassab fechou exemplarmente a procissão de adversidades. Antes de reatar o noivado com Serra, apareceu numa festa do PT como convidado de honra e caprichou na piscadela para Dilma Rousseff. O SuperMacunaíma que passa a perna em todo mundo foi ostensivamente tapeado por Gilberto Kassab.

Lula achou que decidiria a disputa em São Paulo com meia dúzia de comícios. Neste junho, enquanto tenta submeter os interesses do PT à vontade do governador pernambucano Eduardo Campos, para celebrar um acordo com o PSB que amplie o espaço de Haddad no horário eleitoral, o campeão das urnas anda pedindo votos para o afilhado até em festa de batizado. Mergulhados na mudez dos nascidos para obedecer, os devotos contabilizam sem queixas os estragos causados por outros dois surtos do homem que mesmo depois do câncer insiste em confundir-se com Deus.

Um deles resultou na primeira CPI da história parida pelo próprio governo. Concebida para decretar a morte política de inimigos goianos, a CPI da Vingança também atrairia atenções até então monopolizadas pelo julgamento dos mensaleiros. Mais um fiasco. Sem a CPI do Cachoeira, Demóstenes Torres e Marconi Perillo dificilmente sobreviveriam às bandalheiras reveladas pela Polícia Federal. Graças ao que se transformou na CPI da Delta, ambos deverão afundar abraçados a Sérgio Cabral, Agnelo Queiroz, Fernando Cavendish e ao resto do bando enlaçado pelo polvo administrado por Fernando Cavendish. O segundo surto fez Lula acreditar que quem nomeia oito ministros vira presidente de honra do Supremo Tribunal Federal, com direito a antecipar ou adiar julgamentos e, em casos de alta periculosidade, fixar o resultado da votação.

Para não atrapalhar a campanha do PT, entendeu que o julgamento do mensalão deveria ocorrer só em 2013. Ordenou ao revisor Ricardo Lewandowski que retardasse a conclusão do relatório. Ordenou a Dias Toffoli que ignorasse os muitos motivos para declarar-se sob suspeição e votasse a favor dos culpados. Já começava a comemorar o sucesso da sequência de achaques quando o país ficou sabendo do que houve no desastroso encontro com Gilmar Mendes. Graças ao lobista trapalhão, o STF recuperou a agilidade. Lewandowski foi informado de que precisa terminar o serviço ainda neste mês. O julgamento vai começar em 1° de agosto. Até o fim de setembro, uma cadeia nacional de rádio e TV transmitirá ao vivo esse Big Brother Brasil da Bandidagem. Lula merecia ser convidado para apresentá-lo.

Em 2010, colérico com as críticas formuladas por Fernando Henrique Cardoso, o cacique incapaz de aceitar o convívio dos contrários avisou que, assim que deixasse o cargo, ensinaria ao antecessor como deve comportar-se um ex-presidente da República. De lá para cá, FHC manteve a postura digna de sempre. Lula está cada vez mais parecido com José Sarney e Fernando Collor.

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/lula-confirma-que-portadores-da-sindrome-de-deus-sao-muito-parecidos-com-um-napoleao-de-hospicio/

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Jose Dirceu, o Insensato - por Ricardo Noblat

Enviado por Ricardo Noblat - 11.6.2012 - 8h02m
COMENTÁRIO
José Dirceu, o insensato, por Ricardo Noblat

Se depender de José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil de parte do primeiro governo Lula, o bicho vai pegar antes, durante e, se necessário, depois do julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Nunca antes na história recente do país convocou-se o povo para pressionar um tribunal. Pois bem: Dirceu começou a fazê-lo.

Rapaz ousado!

Mais certo seria chamá-lo de temerário, imprudente, perigoso, atrevido, insolente, afoito, demente, precipitado, desaforado, petulante, desajuizado, incauto, arrogante, desvairado, impulsivo, arrebatado, insensato – e mais o quê? Pense. E acrescente aí.

Quem se diz democrata respeita a independência dos poderes da República. Pode discordar de decisões da Justiça? É claro que sim. E até criticá-las com indignação.

Mas ao fim e ao cabo só lhe resta acatá-las. Diga-me: que democrata de verdade insufla o povo para que constranja a Justiça a decidir como ele deseja?

De passagem por Brasília, em conversa com um amigo há um mês, Dirceu pareceu abatido e certo de que será condenado por ter chefiado "uma sofisticada organização criminosa" que tentou se apoderar de uma fatia do aparelho do Estado, segundo denúncia do Procurador Geral da República aceita pelo STF.

Não revelou ao amigo que cogitara exilar-se em Cuba ou na Venezuela. Uma vez condenado, viajaria denunciando a injustiça de que fora vítima.

Arquivou a ideia. Concluiu que seria difícil convencer os ouvintes de que era um perseguido político no país governado por seu próprio partido há quase dez anos.

Mas surpreendeu o amigo ao revelar que os chamados "movimentos sociais" não assistiriam inertes a sua eventual condenação. Diz-se informado de que reagiriam por meio de manifestações de rua.

Não descartou a hipótese de que tais manifestações acabassem antecipadas. Tudo dependeria da data do julgamento.

O STF marcou o julgamento para agosto e setembro próximos.

Na tarde do último sábado, Dirceu aproveitou no Rio o 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, e pediu aos estudantes que saiam às ruas em sua defesa. "Será a batalha final", proclamou com ar grave.

- Todos sabem que este julgamento é uma batalha política. E essa batalha deve ser travada nas ruas também porque senão a gente só vai ouvir uma voz, a voz pedindo a condenação, mesmo sem provas. É a voz do monopólio da mídia. Eu preciso do apoio de vocês — suplicou.

A Procuradoria Geral da República considera que há provas suficientes para condenar os 38 réus do mensalão. Com ela concordou o STF ao acolher a denúncia.

São 11 os juízes. Advogados com livre trânsito no STF apostam na condenação de Dirceu por dois a três votos de diferença.

Sabe de quem será um dos votos pela absolvição? Está sentado? Do ministro Gilmar Mendes.

Por que tanto espanto?

Se fosse menos mal agradecido, o PT reverenciaria Gilmar sempre que ele fosse citado. E não valorizaria nem um pouco as suas explosões de temperamento.

Quem evitou a inclusão do ex-ministro Luiz Gushiken na lista dos mensaleiros? Gilmar.

Quem sentou por mais de um ano em cima do processo que impediria Aloizio Mercadante de ser candidato ao Senado devido ao seu envolvimento com os aloprados, responsáveis em 2006 pelo falso dossiê contra candidatos do PSDB? Gilmar.

Quem salvou da condenação o ex-ministro Antonio Palocci, acusado de ter mandado quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos, testemunha ocular de suas idas e vindas à alegre mansão do Lago Sul de Brasília, reduto de amor e de negócios?

Ora, Gilmar. Sempre ele.

Palocci foi absolvido por um voto de vantagem.

Dirceu sabe disso. Como sabe que a força da mídia é declinante, a se acreditar no que apregoa Lula.

Como sabe que há provas de que o mensalão existiu.

A propósito, uma vez ele observou em entrevista à Folha de S. Paulo: "Eu falei para não fazer".

Falou para quem? Para Delúbio Soares, tesoureiro do PT?

Para José Genoino, presidente do PT?

Para Lula, que sempre jurou de nada saber?

Por sinal, Lula foi à televisão, se disse traído e pediu desculpas aos brasileiros por um episódio que hoje chama de "farsa".

Jamais revelou quem o traiu.

Não faria sentido pedir desculpas por uma farsa.

Vai ver que na época acreditou que o mensalão de fato existira. Hoje, não acredita mais.

- Não podemos deixar que esse processo se transforme no julgamento da nossa geração. Não permitam julgamentos fora dos autos – apelou Dirceu.

Os réus do mensalão são de várias gerações.

Os estudantes que ouviram Dirceu não são da geração dele.

De resto, em nada ajudará Dirceu disseminar a grave suspeita de que o STF poderá julgar desprezando os autos.

Fernando Collor pediu ao povo que fosse para as ruas defendê-lo da ameaça de impeachment.

O povo foi às ruas exigir o impeachment.

Lula disse à oposição que se socorreria do povo caso pretendessem apeá-lo do poder.

Medrosa, e com rala base popular, a oposição preferiu não pagar para ver.

O melhor que pode acontecer a Dirceu é que seu apelo caia no vazio e seja logo esquecido.

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