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segunda-feira, 24 de setembro de 2007

EU ESTOU CANSADA DE SER O HOMEM DA RELAÇÃO!

CONSULTÓRIO POÉTICO

EU ESTOU CANSADA DE SER O HOMEM DA RELAÇÃO!

Fabrício Carpinejar

"Olá, Fabrício

Sou leitora assídua da sua coluna e sempre quis escrever pra você, e
hoje finalmente decidi fazê-lo.

A minha inquietação é a seguinte: tenho 22 anos e meu namorado é bem
mais velho do que eu, ele tem 40 anos, e nós trabalhamos juntos... Nosso
relacionamento já foi motivo de fofoca, pois falavam que ele me usava
para obter informações (trabalhamos em um órgão público). A primeira vez
que ficamos juntos foi um tanto desgastante, pois só eu queria e ele mal
falava comigo pelo telefone (outro defeito dele, o telefone - quando não
está desligado - ele não atende, ele detesta o bendito celular); enfim
isso durou 3 meses, quando o chamei para conversar ele me disse que não
queria ou não estava preparado para um relacionamento e aí então decidi
terminar tudo ali mesmo.

Passaram-se uns 3 meses desde que rompemos e nesse meio tempo sempre
conversávamos muito; em uma dessas conversas decidimos nos encontrar
fora do trabalho e então ficamos juntos mais uma vez. Começou tudo de
novo, ou seja, ele não me ligava, só eu que o procurava...Tivemos outra
conversa, pois não queria ficar pisando em ovos como da outra vez, então
decidi ir devagar, e continuamos juntos, só que estava no ar a questão
de ele não querer um relacionamento sério, e que me angustiava bastante.
Hoje estamos namorando, apesar de ele nunca ter me pedido em namoro, só
que estou cansada de fazer o papel de homem na relação. Sei que ele
gosta de mim, apesar de não falar muito nisso, pois seus gestos me dizem
o que ele não diz. Gosto dele e quero ficar com ele, mas o que fazer
para que a nossa relação dure???

Espero uma luz...

Abraços,
Rose"

Oi, Rose

Está cansada de assumir o controle e definir a direção da história.

Exige mais disposição, talento para encontrar o momento certo de
acelerar e frear. Não faz o papel tutelar e acomodado de mãe, mas exerce
uma liderança indiscutível e atenta no namoro, de não deixar o cotidiano
esmorecer. Sempre rompe ou discute quando necessário, fala quando está
incomodada.

Mas será que teria condições de agir diferente? Não diria que é o homem
de casa. Em todo casal, há o grande e o pequeno (leia "O doido da
garrafa", de Adriana Falcão). Um não é menor do que o outro, ambos se
completam. Se ele fosse igual ao seu temperamento, não suportaria.

Talvez queira mesmo sentar no banco de motorista. Seu olhar é voltado a
para estrada enquanto o dele, para dentro do carro. Está preocupada com
o futuro, com o destino, em chegar a alguma lugar, em durar, enquanto o
comportamento dele é o do passageiro, interessado na música que está
tocando na rádio ou na conversa durante o percurso. Quando comenta que
sabe que ele gosta de você, já tem o essencial.

Ao exigir dele uma outra atitude, continuará mandando. Não há saída.

O que a incomoda são as desconfianças acrescidas ao severo silêncio: as
fofocas no trabalho, a dificuldade dele com o celular e dar notícias, a
resistência por um amor mais sério. A dúvida não pode virar suspeita.
Por não comunicar, não significa que ele não está participando. Não
confio naquela máxima "quem cala, consente". Quem cala de repente não
encontrou um outro modo de sentir.

Recordo de uma frase sábia de Fernando Sabino: "não se pode exigir das
pessoas aquilo que elas não podem dar". Costumamos regrar a convivência
por aquilo que somos e queremos, e esquecemos de que não casamos conosco.

Vou além: não se pode exigir das pessoas aquilo que elas não sabem que têm.

Ou seja, conversar com as paredes nos torna paredes. Podemos pressionar,
podemos persuadir, podemos até cobrar, mas nunca substituir o parceiro
ou anular a diferença. Ele não deve repeti-la, e sim entendê-la.

Ao mesmo tempo, a instabilidade a excita, pois procura extrair o melhor
de si para encontrar a paz. Sua paz é permanecer em guerra, desafiando
as formalidades.

Não tenha culpa por dominar, esqueça os antigos papéis e as expectativas
sociais. Caso ele queira ser a ovelha e você o lobo, não procure só a
carne, aproveite a lã. Aquecerá seu esforço.

Beijos,
Fabrício

Envie carta com suas dúvidas de relacionamento para carpinejar@terra.com.br QRCode

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